Purgatório é Bíblico?

Amados o que leremos abaixo é a forma explicativa do dogma de fé sobre o purgatório através de afirmações bíblicas pelo  Diácono Francisco Almeida Araújo ex-pastor da Batista.
                   Fui crente, fui pastor protestante e, portanto, não acreditava na doutrina do Purgatório. Fico triste quando encontro católicos que, influenciados pelo protestantismo, não acreditam no Purgatório. Alguns me perguntam: é dogma de fé o Purgatório? É bíblica a doutrina sobre o Purgatório? A minha resposta sincera e clara é: sim, é dogma de fé o Purgatório e, portanto, bíblica a sua doutrina. Depois que estudei o assunto sobre o Purgatório descobri ser essa doutrina altamente consoladora.
                   A Igreja ensina que o Purgatório é um estado de purificação moral, em que as almas, não ainda completamente puras, são purificadas mediante penas, tornando-se dignas do Céu. Essa é a definição do dogma.
                   Quanto às provas escriturísticas (da Bíblia), encontramo-las em II Mac 12, 43-46: “Em seguida fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse em sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem piedosamente, era isto um bom e religioso pensamento; eis porque ele pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres de suas faltas”. Este texto do II livro de Macabeus nos mostra claramente existir um mistério de expiação (um Purgatório) na vida futura. Leia-se ainda Eclo 7, 37.
                   I Cor 3, 11-15: “Quanto ao fundamento ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém, passando de alguma maneira através do fogo”.
                   O Apóstolo afirma, pois, que alguns, ainda que construindo sua vida sobre Cristo, entretanto a constroem com obras imperfeitas (palha, feno), serão salvos, mas deverão passar pelo fogo. É o que ensina a Igreja Católica: muitos se salvam, mas devido às suas imperfeições deverão “passar pelo fogo” antes de entrarem no Céu.
                   Mateus 12, 32: “Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem, será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século, nem no século vindouro”.
                   Por esta expressão: “Não alcançará perdão nem neste século, nem no século vindouro”, vemos que há pecados perdoáveis também no século futuro, isto é, no outro mundo. Este lugar, no outro mundo, chama-se Purgatório.
                   Mateus 5, 26: “Em verdade te digo, dali não sairás antes de teres pago o último centavo”.
                   Aqui não se trata de Inferno, donde não se pode sair; nem do Céu, lugar de gozo, e não de expiação; mas do Purgatório, único lugar onde se deve expiar “até pagar o último centavo” das faltas leves cometidas nesta vida.
                   Apocalipse 21, 27: “Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles, cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”. Ora, por mais puro que seja o homem neste mundo, sempre ele terá máculas contraídas em sua natureza viciada, já que “o justo cai sete vezes”. Condená-lo ao Inferno por ter pequenas fraquezas não o quer a bondade de Deus. Dar-lhe logo o Céu, obsta-o infinita pureza do Senhor. Logo, é necessária uma expiação ou purgação na outra vida, num estado denominado Purgatório.
                   A Tradição também ensina essa verdade, como o atestam os escritos antigos e a arqueologia.
                   Para entendermos a doutrina do Purgatório, é preciso saber que nele se conciliam a justiça e a misericórdia divinas. Não se pode enaltecer a primeira sacrificando a segunda. Deus, que é rico em misericórdia (Efésios 2, 4), é o mesmo Justo Juiz (II Tm 4, 8), a cujo tribunal haveremos todos de comparecer (II Cor 5, 10).
                   O sacrifício de Cristo no Calvário e que se renova no altar não anula a justiça divina, mas abre o caminho do perdão. Até esse perdão está dentro de um critério de justiça. Deus retribuirá a cada um segundo suas obras (Mat 16, 27; Rm 2, 5-8; I Pe 1, 17; Ap 2, 23; Ap 22, 12, etc).
                   Muitos homens morrem e comparecem imediatamente diante do Tribunal Justíssimo de Deus e estão em tais condições que não poderão ser condenados ao Inferno, pois não estão em pecado mortal, mas, por outro lado, não estão suficientemente puros para entrarem imediatamente na glória do Céu. Nem houve tempo para um arrependimento perfeito ou sofrimentos bastante que os levassem mais profundamente.
                   Assim como é certíssima a verdade que Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras, é certíssima a existência do Purgatório. Graças a Deus! Louvado seja Deus!
                   Deus nos perdoa, mas exige do pecador perdoado uma pena, uma expiação. Basta lermos Números 14, 11. 12. 19. 20-23; Números 20, 12; Dt 34, 1-5; II Sam 11, 2-7; II Sam 12, 13-14; Jl 2, 12, etc.
                   O Purgatório nos purifica das penas e das culpas. É doutrina consoladora extraordinária, pois lá brilha o sol da bondade de Deus.
                   Pena que o Purgatório seja apresentado só como local de sofrimentos e não de alegrias, como nos narra São Bernardino de Sena. A maior dor é de, na Terra, não ter amado mais a Deus e agora (no Purgatório) ter que aguardar um tempo para ver nosso amado Senhor, face a face. Uma coisa é ver de longe e outra é abraçá-Lo.
                   A figura radiosa do Senhor, vista no momento do Juízo particular, é nosso consolo e força no Purgatório. E ao ver Deus, a própria alma se julga e se reconhece indigna de entrar diretamente no Céu.
                   O Purgatório é o tempo, a oportunidade de se purificar. É uma Escola de Amor. De Amor a Deus. Senhor, dê-nos o Purgatório desde já, aqui na Terra, pois queremos amá-Lo intensamente. Como a dor nos purifica, nos liberta...
                   Só queremos Deus. Só Ele nos basta.  Diácono Francisco Almeida Araújo

Comentários

  1. Agora entendo perfeitamente o quanto Deus é misericordioso e aceito as dores que vivo sofro, espero que eu seja todo purificado enquanto vivo, para ver a Deus face a face.

    ResponderExcluir
  2. Amém irmão, mantenha a fé e não deixe o amor esfriar e não se esqueça tudo copera para aqueles que amam a Deus.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Seu comentário é importante para nós, por isso comente.

Postagens mais visitadas deste blog

Identidade Cristã

Ex-Pastor e Professor de Teologia em faculdades protestantes Batista

Filmagem das estigmas de Catalina Rivas