A veneração dos santos através de uma perspectiva bíblica




Começamos em Hebreus 11, versiculo 1: "A fé é uma posse antecipada do que se espera, um
meio de demonstrar as realidades que não se vêem. Foi por ela que os antigos deram o seu
testemunho. Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram organizados por uma
palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem a sua origem em coisas manifestas."
Aí São Paulo começa a citar um por um dos grandes santos da família de Deus do Antigo
Testamento começando com o primeiro mártir, Abel, que tinha oferecido um sacrifício aceito
por Deus. E depois Henoc e Noé e Abraão, Isac, Jacó e Sara. Depois continua a falar de
Abraão, Isac e Jacó, e todo o sofrimento que eles passaram por que a esperança deles não
estava na Jerusalém terrena, mas na Jerusalém celeste; não na terra prometida terrena, mas na celeste.
Então no versículo 23 ele fala sobre Moises e tudo o que ele renunciou para ganhar esta
herança gloriosa no céu; e da mesma forma, Israel. E depois Raab, a prostituta de Jericó: até
mesmo a fé dela é exaltada. Depois Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas
que pela fé conquistaram reinos, receberam promessas, deteram as bocas de leões e
acabaram com fogueiras devastadoras, escaparam da espada, tiraram fortaleza da fraqueza,
tornaram-se poderosos na guerra, fizeram os exércitos inimigos fugir. Todos os grandes feitos
são relembrados não só para passar pela história mas principalmente, como você verá, para
inspirar uma fé, esperança e amor maiores em nós.
No versiculo 36: "Outros ainda sofreram a provação dos escárnios, experimentaram o açoite,
as correntes e as prisões. Foram lapidados, foram serrados e morreram assassinados com
golpes de espada. Levaram vida errante, vestidos com peles de carneiro ou pêlos de cabras;
oprimidos e maltratados, sofreram privações. Eles, de quem o mundo não era digno, erravam
pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra. E não obstante, todos
eles, se bem que pela fé tenham recebido um bom testemunho, apesar disso não obtiveram a
realização da promessa. Pois Deus previa para nós algo de melhor, para que sem nós não
chegassem à plena realização."
Assim, de certa maneira, o advento de Cristo e da economia da Nova Aliança trouxeram uma
benção e glória para estes santos do Antigo Testamento maior do que a que eles receberam

quando morreram. Algo novo foi inaugurado quando Cristo ressuscitou, quando ele subiu aos
céus e quando subiu ao trono. Ele abriu um novo panorama, uma nova porta, a porta de
entrada para o céu, para que seus irmãos viessem pra casa. Nós veremos mais adiante como
foi colacado neste reino glorioso no céu tronos e neles estão sentados este grandes santos,
bem como os santos da Nova Aliança. E eles são sacerdotes, eles testemunham para servir a
Cristo e para rezar em nosso favor.
Mas observe que o autor de Hebreus relembra tudo isto para nos inspirar a seguir o exemplo
deles. Isto vai ser uma consideração fundamental para entender a base lógica bíblica para a
veneração dos santos. Exemplos heróicos inspiram virtudes heróicas. Vejamos Hebreus 12: "
Portanto"
(um dos mais básicos princípios interpretativos de estudos biblicos, sempre que aparecer a
palavra, "portanto", pergunte a si mesmo o que vem a seguir pois basicamente há um resumo
de tudo o que foi dito anteriormente e encerra com uma conclusão prática, especialmente na
carta aos Hebreus.)
"Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e
pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto,
com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus, que, em vez da alegria que
lhe foi proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de
Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tal contradição por parte dos pecadores, para não
vos deixardes fatigar pelo desanimo. Vós ainda não resististes até o sangue em vosso
combate contra o pecado. Vós esquecestes a exortação que vos foi dirigida como a filhos?"
E ele continua a falar sobre a disciplina de Nosso Senhor e a castidade e sofrimento que é
próprio aos filhos de Deus para amadurecer e crescer. Então no versículo 12: "Por isso,
reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos tropegos; endireitai os caminhos para os vossos
pés, a fim de que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado."
Todo o quadro em Hebreus 12 é uma grande corrida e quem está na multidão? Todos os
santos. E o que eles compõem? Versiculo 1, "uma nuvem de testemunhas". O que se quer
dizer com nuvem? Bem, se você fizer um pouquinho de estudo de fundo biblico, esta nuvem é
a mesma nuvem que se pode rastrear de volta ao Antigo Testamento. É a a nuvem de glória
em que Moisés subiu no Monte Sinai. É a mesma nuvem que cobriu Jesus quando ele
ascendeu aos céus diante dos olhos dos discípulos. Esta nuvem de uma certa forma é uma
manifestação portátil daquilo que é como estar "movido pelo Espírito"
como João no livro do Apocalipse:
"No dia do Senhor fui movido pelo Espírito"
, e esta nuvem de glória agora está repleta de nossos irmãos e irmãs mais velhos. E eles
constituem uma nuvem de testemunhas, não é apenas uma nuvem que vai e vem conforme

sopra o vento. É uma nuvem que é uma multidão com o objetivo de nos animar.
Quando o time1 joga em casa, as chances são maiores dele ganhar o jogo. Por quê? Porque
os seus torcedores estão lá. Você pode dizer que é porque eles conhecem melhor o campo.
Pode ser. Mas existe sempre um limite psicológico incrível especialmente em jogos de
campeonato.
Sempre se tem uma chance a mais quando se joga em casa. E aqui nós jogamos em casa e
tem uma enorme nuvem de testemunhas, todos os nossos familiares mais velhos estão
torcendo por nós, nos animando. Você pode ver nas mãos e nos pés destas pessoas que
levantam as mãos, que nos animam e nos olham, feridas e cicatrizes, em seus rostos e em
suas costas. Você sabe que eles participaram do jogo e estão nos chamando para fazer o
mesmo.
E o maior e mais barulhento animador de todos é o próprio Jesus, o pioneiro e o aperfeiçoador
de nossa fé, o primogênito entre muitos irmãos e irmãs, conforme nos conta Romanos 8. Todo
um estádio está repleto com nossa família. E inspira ardor e coragem, vigor e sacrificio. E sabe
o que mais? O autor de Hebreus jamais considera por um segundo sequer argumentar isto.
Ele crê e ele pensa que devemos crer também, mas que devemos meditar a respeito e nos
inspirarmos.
Agora se os santos não sabem o que nós estamos fazendo, e nós não temos idéia do que eles
estão fazendo, ou seja, se não temos nenhum contato, nenhuma comunicação, este tipo de
descrição é apenas uma metáfora simplesmente fraca e estranha. Mas não é este o caso.
Esta é a realidade espiritual compreendida com os olhos da fé, os olhos que estão abertos
para as verdades espirituais desta grande declaração do Credo: "Creio na comunhão dos
Santos" .
Agora não é só porque todos nós acreditamos na mesma coisa que temos este sentimento
bom e real mas sobrenatural de que todos estamos unidos por este laço de confissão
doutrinária e culto litúrgico. É muito mais do que isso. É mais do que somente ser um
companheirismo de pessoas que pensam da mesma forma. Nós dizemos, "Eu creio no
Espirito Santo" , e é
por isso que cremos na santa Igreja Católica, porque sem o Espirito Santo, nós só seríamos
mais uma organização humana. Mas o Espirito Santo - ensina a Igreja - é a alma da Igreja. O
Corpo Mistico de Cristo é animado e obtém vida sobrenatural do Espírito Santo. Assim dizemos,
"Eu creio no Espirito Santo, na santa Igreja Católica
- e o quê mais? -
na comunhão dos Santos".
Agora como é que se pode ter comunhão com pessoas com as quais não se tem nenhuma
comunicação? Como se pode possivelmente estar em comunhão com pessoas com as quais
não partilhamos nada em comum juntos em termos de experiência diária? Eu não estou
dizenho que Nosso Senhor nos tenha dito para termos conversações diárias. Certo, algumas
pessoas são dotadas de revelações místicas. Mas sempre que alguém disser: "Bem, você
está se comunicando com os mortos e isto é pecado julgado pelo Antigo e pelo Novo
Testamento porque isto é divinização, isto é feitiçaria ou sei lá o quê"
, você responde:
"Eles não estão mortos. Eles estão mais vivos do que nós. Benditos aqueles que morreram no
Senhor"
. Por quê? Porque suas obras os acompanham ao céu. Os santos do Antigo Testamento
tiveram que esperar pelo Messias, mas esta espera já passou. Aqueles santos martirizados
estão com Nosso Senhor e com uma multidão, e eles torcem por nós. Nós não precisamos só
olhar com fé, mas ouvir com fé.
A veneração dos santos não transgride a situação de Cristo nosso único mediador
Quero dizer mais uma coisa antes de continuar: eu quero que vocês saibam que os santos não
são uma rota alternativa para se chegar até Deus. Se você pensa que sim, então pare de rezar
para os santos até que você tenha sua vida espiritual reajustada de volta ao curso normal,
porque você não é um bom católico. O fato é que existe um único mediador entre Deus e o
homem, que é o homem Jesus Cristo. Paulo não poderia ter deixado isto mais claro em
Timoteo. Ele diz: "Há um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus".
Vejamos o que diz Timoteo. 1 Tim 2, 5: "Há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os
homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos"
. Agora que conclusões podemos tirar disto? Podemos concluir falsamente que porque nós
temos um mediador, logo estamos enfraquecendo o trabalho de Cristo ao pedirmos para os santos intercederem a nosso favor? Não, claro que não. Esqueça o fato de que os santos são
cristãos que estão no céu, nós temos ciência do fato de que os cristãos da terra são
constantemente chamados de santos no Novo Testamento. Isto é o que nós somos. Isto é o
que nós devemos nos tornar, e se continuarmos em frente e nos mantermos firmes na fé, isto
é o que seremos por toda eternidade. Mas somos santos se estivermos em Cristo.
Agora, católicos ou não, se alguém vos pedir para rezar por eles, para interceder por eles à
Deus, vocês sairão por aí dizendo: "Como se atreve a debilitar a única mediação de Jesus
Cristo, o único Sumo Sacerdote?" . Claro que não. Por quê?
Porque o que diz Paulo nos primeiros quatro versiculos anteriores a 1Tim 2, 5?:
"Eu recomendo, pois antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de
graças, por todos os homens"
. Só através de Jesus? Claro que não. Por nós,
"pelos reis e todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena,
com toda piedade e dignidade. Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há
um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens".
Eu costumava citar este texto fora do contexto e usava-o para minar a veneração devida aos
santos que está enraizada em duas coisas: pedir-lhes por intercessão e súplica, e ser inspirado
a seguir o exemplo deles. Nós podemos adicionar uma terceira que é, honrá-los. Nós os
glorificamos quando nós os veneramos. E por quê? Porque nós ficamos entediados após dez
ou quinze horas honrando a Cristo? Não. É precisamente porque nós honramos a Cristo. É
precisamente porque nós imitamos Cristo. Nós imitamos Cristo, então se O vemos honrando
aqueles que morreram pela verdade, aqueles que professaram a fé com muito sofrimento, nós
fazemos aquilo que Cristo faz e glorificamos aqueles que Ele glorifica. Aqueles que Ele bendiz,
nós bendizemos.
É bem simples. Só quando inconscientemente reduzimos a fé cristã a um relacionamento
individualista - Jesus e eu - é que começa a se tornar uma coisa tipicamente americana
auto-centrada. Quero dizer, encaremos: a familia americana não é um grande exemplo de
laços fortes de comunicação atualmente. E tem sido assim por séculos. Você sabia que Daniel
Boone era um dos piores pais? ... Grandes heróis americanos, fortes individualistas, não eram
grandes homens de família. Você devia ouvir o que a mulher de John Adams tem a dizer -
uma feminista radical... Ela não estava mais preocupada com o matrimônio, com a família, o
lar e a América. Ela estava preocupada com os direitos do indivíduo que ela pudesse exercer
e que outros pudessem exercer e, caso contrário, que eles pudessem conseguir a força. Este
é o jeito americano.

Como se costumava dizer no século 18: "Não servimos a nenhum governante"; nenhum rei, e
reis eram sempre figuras paternas. Eu não estou argumentando a favor de monarquia política e
política natural porque o pecado humano é o que é. Mas nós temos uma monarquia
sobrenatural, um reino celeste, uma figura paterna distante do pecado que concede sua vida e
graça pura aos nossos irmãos e irmãs mais velhos, seus filhos. E este reino é o Reino do
Céu. E isto nos inspira de uma forma muito maior a servir a nosso Soberano e a servir ao seu
gabinete de ministros e príncipes e princesas que ele nos outorga.
Você percebe como é difícil para os americanos pensar e agir deste modo?2 Quando tudo em
nossa cultura segue na direção contrária? A quem nos curvamos em nossa sociedade?
Ninguém. E mesmo quando dizemos:
"Your Honor"
(=Vossa Excelência) para um juiz ou
"Your Excellency"
(=Vossa Eminência) para um arcebispo, parece uma coisa não natural, nos arrepiamos, não
arrepiamos? Não é americano.
"Quem você pensa que é?"
Mas o fato é que numa família, não é a pessoa tanto quanto o ofício que nós veneramos e
honramos. E é isto que fazemos quando nós veneramos os santos. Nós estamos imitando
Cristo que os honra. Por nossa vez, nós queremos imitar os santos no serviço à Cristo.
"We Are Family" (=Somos uma família) - constumava cantar o grupo Sister Sledge muitos anos
atrás (final dos anos 70). Nós somos a família de Deus. Nenhum pai vai se sentir traído ou
ignorado ou rejeitado quando os irmãos e irmãs se amam e inspiram uns aos outros no
sacrifício e serviço corajoso pelo nome da família. É até mesmo bobo quando se coloca desta
forma, mas que outros termos bastariam para o que a Santíssima Trintada, a Família Divina,
têem feito por toda a história? É a única forma que faz sentido. É a única forma que engloba
toda a Biblia. É a única razão pela qual Paulo em 1Tim 2, 5 considera um mediador e ainda
diz o que diz em 1Tim 2, 1-4: "Pois, porque há um só mediador, nós podemos fazer orações,
súplicas e pedidos com uma confiança maior, por todos os homens"
, até mesmo para os reis, para os ricos e prósperos, e para os corruptos. Por quê? Porque só
há um mediador, o Homem-Deus, Jesus Cristo.
Poderíamos enlouquecer fazendo orações como jamais tínhamos feito antes. Por quê? Porque
só há um mediador. Será que isto significa que não haja outros intercessores, outros a quem
fazer súplicas? Não! Claro que não. Só há um mediador e porque nosso mediador é o mais
fabuloso que nós podemos imaginar, nós temos agora a capacidade de interceder como sacerdotes no Sacerdote, como filhos no Filho, como pastores no único Pastor. Nós obtemos
vida Dele. "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Longe de Cristo nada
posso fazer" . Mas comigo, diz Jesus, você pode tudo. "Para Deus tudo é possivel".
Apoio bíblico para o fato de que Deus ouve os clamores dos santos
Precisamos ajustar nosso pensamento. Isto não é novo. Desde o Genesis, existe um tipo de
alusão misteriosa ao fato de que Deus está em contato com as necessidades dos mártires. Em
Gen 4, 10, Deus diz a Caim: "Ouço o sangue de seu irmão, do solo, clamar para mim!" Agora,
você acha que se você saisse no campo e encontrasse o lugar onde todo aquele sangue foi
derramado, colocasse seus ouvidos no chão, você ouviria uma voz? Não, eu acho que não.
Não, isso é um dispositivo literário. O sangue de Abel é a alma de Abel que tinha acabado de
morrer. Ela não estaria clamando por coisa alguma a não ser que Abel tenha sido justificado
por Deus de alguma maneira. De alguma maneira que nós desconhemos, pode ser o seio de
Abraão, como nós vemos em Lucas 16, 23.
Deus ouve, a qualquer preço, o clamor daqueles santos martirizados desde o princípio. O
sangue é a vida, a vida é a alma e a alma clama por vingança e Deus responde. É por isso
que Hebreus 12, 24 refere-se a isto comparando o sangue de Abel clamando por vingança ao
sangue jorrado de Jesus que fala mais eloquentemente do que o de Abel. Agora, falaria o
sangue de Jesus conosco? Bem, de certa forma, não. Não é o sangue, mas a vida da alma
representada pelo sangue que está falando "misericordia, misericordia, misericordia" em
nosso favor. Não vingança, mas perdão, porque Cristo não foi morto por um irmão no meio do
campo contra a sua vontade. Cristo entregou Sua própria vida como resgate de todos. Assim,
o Seu sangue fala da mesma forma que o sangue de Abel, mas ele fala de uma maneira maior
e mais eloqüente.
Agora eu gostaria de sugerir que o tipo de pregação que encontramos em Lucas 16 não teria
vindo dos lábios de Jesus se este ponto de vista não fosse comum. Vejamos Lucas 16, 19-31.
Ali, é claro, nós encontramos a famosa estória de Lázaro e o homem rico. Ela nos diz que
Lázaro era bastante pobre, e que os cães lambiam suas feridas quando ele se sentava na
porta do rico; ao morrer foi carregado ao seio de Abraão. O outro homem, o rico, foi carregado
em meio a tormentos, à mansão dos mortos. Ele exclamou: "Pai Abraão, tem piedade de mim"
. Isto não é exatamente o clamor da alma desprezível, condenável, endemoniada cuja maldade e pecado são só aperfeiçoados.
"Tem piedade de mim, Pai"
: ele sabe que pertence àquele lugar, mas agora ele não pede por justiça, mas por
misericórdia. Ele não está dizendo:
"Me tira daqui, este não é o meu lugar. Me tira daqui. Eu tenho que voltar. Eu mereço uma
segunda chance"
.
Ele diz: "Manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois sou
torturado nesta chama" . É por isso que eu sugiro que isto pode muito bem se referir,
não ao fogo do inferno e ao tormento eterno, mas ao fogo do purgatório da alma que por
negligência das obras corporais de misericórdia termina no curso de verão por um longo
tempo 3. Ele exclama: "Pai Abraão, tem piedade de mim". E
Abraão responde:
"Filho"
; ele não diz:
"seu condenado maldito", "filho de Satanás", "verme desprezível", "sua víbora"
. Não,
"Filho"
, é o que Abraão responde.
"Lembra-te de que recebestes teus bens durante tua vida"
. E o homem não diz:
"O que você quer dizer com, 'lembra-te'?"
. Quando a alma morre, ela não se lembra de nada. Ela não se lembra de ninguém. Mas ele se
lembra do que Abraão estava falando; ele se lembra.
E continuando no versículo 27: "Pai, eu te suplico, envia então Lázaro até à casa de meu pai".
Ele se lembra da casa de seu pai!
"... pois tenho cinco irmãos"
. Ele não somente se lembra que tem cinco irmãos; ele está bastante preocupado com eles.
Ele está intercedendo em favor dos cinco irmãos,
"para que (Lázaro) leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também para este
lugar de tormento"
. Ele não diz:
"Abraão, você pode dar uma amostra aos meus irmãos do meu destino torturante aqui nas
chamas?"
Ele diz:
"Você ressuscitará Lázaro. Você o mandará de volta dos mortos?"
Que pequeno favor a se pedir da parte de Lázaro! Certamente seria uma justificação para o
pobre homem, não seria? Mas Abraão diz: "Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam". E ele responde: "Não, pai
Abraão, mas se alguém dentre os mortos for procurá-los, eles se arrependerão"
. E Abraão responde:
"Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos,
não se convencerão"
. Fim da estória. Agora, você pode dizer:
"Então, eles podem fazer orações no purgatório, mas elas não são atendidas"
. Mas observe uma coisa. Jesus ressuscitou um homem chamado Lázaro depois de quatro
dias. Esta pode ser uma parábola, mas Jesus não disse
"Deixe-me contar-lhes uma parábola"
. Não existe nenhuma evidência de que seja uma parábola. Você pode não querer acreditar,
mas em nenhum lugar, em nenhuma parábola de Jesus ele dá nome aos personagens.
Aqui Ele dá nome ao homem e Ele dá a ele o nome de um de Seus melhores amigos, Seu
único amigo que ele ressuscitou dos mortos. Um homem que estava doente - que
coincidência! Talvez sim, talvez não. Mas eu gostaria de sugerir que, se um homem em
tormento pode se comunicar de acordo com suas próprias necessidades, quanto pode Lázaro
ajudar? Em outras palavras, aqui nós temos uma situação onde o homem pode comunicar-se
e interceder por aqueles que ele quer ajudar.
Agora, se um homem nas chamas pode fazer isso, o quanto podemos presumir que Lázaro
tem uma lembrança clara de sua amada família na terra e que ele provavelmente tem uma
percepção clara das suas necessidades? E com um amor perfeito, ele teria uma capacidade
maior de interceder por estas necessidades. Talvez você negue isto, mas que passagem da
Escritura você mostra para negar isto? Eu não consegui encontrar nenhuma quando eu
pensava assim também.
Os católicos precisam ter uma percepção balanceada sobre o que significa a veneração
dos santos
Continuando... Antes de olhar em algumas passagens, deixe-me perguntar, e pense a respeito
disto quando você estiver conversando com não-católicos: porque eu devo confessar e me
desculpar por todas as vezes que meus irmãos e irmãs não-católicos, apesar de separados,
mas irmãos e irmãs pelo batismo, eu tenho que me desculpar porque eles ficam sabendo de muitos católicos que fazem coisas estranhas, como um ex-católico cuja mãe tem uma imagem
de Maria em tamanho natural que ela veste e desveste todo dia. Ela não tem nenhuma vida de
oração. Ela nunca lê a Bíblia, mas ela constantemente veste e desveste sua imagem.
Agora, eu não vou fazer nenhum julgamento final sobre este comportamento, mas vou dizer
que se isto é tudo o que você tem, está desforme. E com frequência católicos não só não tem
uma percepção equilibrada do que é a veneração dos santos com relação a Cristo como eles
têem pouca capacidade de articular o que eles realmente estão fazendo caso tenham um
percepção equilibrada. Por que eles de fato fazem isto?
Diga a um não-católico: "Você tem família? Você os ama? Você carrega as fotos deles na sua
carteira? Estas imagens são ídolos?" - "Bem," - eles podem dizer - "el
es não são estátuas. Eles não são pinturas. Eu não as beijo"
. Bom, mas, fotografia é uma tecnologia moderna que faz com seja mais fácil e móvel, você
sabe, de tal maneira que se pode ter na carteira as imagens de uma família; mas o meu ponto
é que ninguém cultua a foto. Explique desta maneira. Você não adora a foto. Você nem
mesmo a glorifica. Percebe? Nós não glorificamos estátuas. Nós não veneramos pinturas ou
ícones. Nós glorificamos e veneramos as pessoas reais que estão representadas pelas
estátuas, pinturas e ícones.
Bem, mas eles estão mortos! Não, eles estão mortos em Cristo e portanto estão vivos e são
benditos. Apocalipse 14 nos conta que eles são benditos se eles morrem em Cristo. Jesus
prometeu a Pedro as chaves do Reino que tem poder sobre os portões do Inferno. Assim, a
Igreja pode exercer esta jurisdição não somente em liberando as almas pelos méritos que
Cristo derrama em seu Corpo Místico mas também reconhecendo e pronunciando oficialmente
o fato de que estas almas morreram em Cristo e que podem ser veneradas, e que elas são
beatificadas porque são abençoadas por Cristo.
Católicos não adoram estátuas e pinturas e ícones. A estátua é somente um pedaço de gesso
ou mármore, se for realmente boa. Elas são apenas dispositivos artísticos, úteis para nos
relembrar da pessoa, o acontecimento, a ocasião representada; para nos conectar em
comunhão, para nos inspirar pelo seus exemplos. Assim sendo, a Escritura ensina que não há
comunhão entre os santos que estão em Cristo no céu e os santos que estão em Cristo aqui
na terra? Ou melhor, a doce comunhão mística que nós temos com aqueles que descansam é
uma comunhão real? Claro que é. A Escritura ensina que depois da morte os santos perdem
toda a memória da vida terrena, das relações e necessidades terrenas, ensina que eles
perdem o interesse e a preocupação? Que eles estão tão em êxtase e focalizados em Cristo
que eles nem mesmo se enxergam? A Escritura não ensina isso. A Escritura não ensina que eles perdem toda a capacidade de fazer orações, de interceder e de suplicar por nós.
Arqueólogos têm evidências sobre a Veneração dos Santos no Primeiro Século
A Escritura nos mostra que os santos se recordam de suas vidas aqui na terra e fazem orações
por aqueles com os quais eles viveram? Os santos nos cercam como membros de uma família
numa multidão como vimos em Hebreus 12. Eu vou apenas mencionar o fato de que
inscrições nas catacumbas do primeiro século encontradas por arqueólogos neste século, que
datam desde o tempo da segunda e terceira geração depois de Cristo e dos apóstolos, dão um
testemunho claro deste costume antigo de venerar e pedir a intercessão dos santos. Uma
inscrição diz "Pedro e Paulo, rogai por Victor". Uma outra: "Pedro e Paulo, lembrai-vos de
Zozamon" . Existem várias outras
iguais a estas. Elas não são estranhas. Elas não são esquisitas. Elas são típicas.
A Escritura mostra que os Santos se lembram de suas vidas na terra e fazem orações
por aqueles com os quais eles viveram
Observe no livro do Apocalipse que existem três classes de santos que são destacados como
tendo um papel especial no rito celestial. Primeiro de todos, os mártires com vestes brancas.
Segundo, as virgens e terceiro, os confessores. Por exemplo, em Apocalipse 6, 11,
começando no versículo 9: "Quando abriu o quinto selo, vi sob o altar as vidas dos que tinham
sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dela tinham prestado. E
eles clamaram em alta voz: 'Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça,
vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?'" . Eles
estão pedindo por justiça. Eles têm comunhão com Deus. Eles estão defendendo a causa do
Corpo Místico de Cristo.
"A cada um deles foi dada, então, uma veste branca e foi-lhes dito, também, que repousassem por mais um pouco de tempo, até que se completasse o número dos seus companheiros e
irmãos, que iriam ser mortos como eles". Em outras palavras, foi lhes dito sobre o que estava
acontecendo, na terra. Não só sobre o que estava acontecendo naquele momento, mas o que
iria acontecer no futuro. Isto é, vocês serão justificados em pouco tempo mas mais martírios
precisam primeiro acontecer. Pelo menos eles tem algum tipo de consciência geral de que
existe um pequeno período de tempo no qual mais mártires serão reunidos e então no fim
desde pequeno período de tempo, a justificação virá. Eles têm conhecimento. Eles têm
preocupação. Eles têm a capacidade de interceder e eles também têm um conhecimento
maior do que o povo na terra e este conhecimento vem de Deus. Por quê? Porque eles são
benditos. Apocalipse 22, 14 nos conta isso.
No final do Apocalipse esta beatitude é pronunciado sobre eles: "Felizes os que lavam suas
vestes" . O que quer dizer "lava
m suas vestes"
? Em outras palavras, eles tiveram tempo para ir até a lavanderia antes que Deus os
chamasse? Claro que não.
"Felizes os que lavam suas vestes"
, se refere a Apocalipse 7, 13. Eu sei que eu estou fazendo vocês folhearem a Bíblia pra frente
e pra trás. Mas os cristãos não-católicos realmente conhecem a Bíblia deles. Nós temos que
aprender a nossa.
Apocalipse 7, 13: "Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: 'Estes que estão trajados com
vestes brancas, quem são e de onde vieram?' Eu lhe respondi: 'Meu Senhor, és tu quem o
sabe!' Ele, então, me explicou: 'Estes são os que vêm da grande tribulação: lavaram suas
vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus,
servindo-o dia e noite em seu templo" . Por isso, nós sabemos que existe um
serviço litúrgico no templo celestial. O nosso é apenas uma reflexão pálida que mal se
compara com o serviço litúrgico que acontece lá e este pessoal todo serve dia e noite no
templo celestial.
Mas eles não têm permissão para fazer orações por nós, certo? Dá um tempo! Deus vai ficar
zangado? Vai ficar ofendido? Claro que eles fazem orações por nós! Como é que eles
servem? Veja no capítulo 8, 3: "Outro Anjo veio postar-se junto ao altar, com um turíbulo de
ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de
todos os santos, sobre o altar de outro que está diante do trono"
.
Os santos de quem se fala aqui devem ser interpretados contextualmente como sendo os santos que foram martirizados e que agora servem no céu. Agora, nós podemos ter uma
aplicação secundária que incluiria, é claro, também os santos terrestres; mas contextualmente
aqui se fala dos anjos celestes. E o que eles estão fazendo? Rezando. E estas orações são
oferecidas com incenso pelo anjo no altar de Deus, no altar de ouro que está diante do trono,
que estava bem em frente ao Santo dos Santos no templo terrestre como no templo celeste. "
E da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de Deus"
.
E o que acontece? Deus em resposta às orações dos santos age. Ele chama os sacerdotes
celestes para que peguem suas trombetas e se preparem para tocar. Isto desencadeia as sete
trombetas que por sua vez desencadeiam todo tipo de ativitidade terrestre que justifica os
santos e vinga seu sangue e derruba os orgulhos e presunçosos diante de Deus. Você
percebe o poder do serviço litúrgico? As pessoas dizem: "Bem, é preciso se envolver". Eu
digo: "E
xatamente, precisamos nos envolver. Precisamos fazer realmente as coisas que mudariam as
injustiças da terra a começar com um bom serviço litúrgico"
. Porque se você ler o Apocalipse e entender a mensagem, você vai ver que existe uma coisa
acima de todas as outras que muda as más coisas. E é adorando a Deus com todo o seu
coração, mente, alma e força.
Isto libera todas as coisas que o povo na terra necessita de Deus em resposta às orações dos
santos. Não se discute. Não se debate. Não é demonstrado logicamente. É assumido e
descrito graficamente. E o que nós rezamos? "Seja feita a vossa vontade assim na terra como
no céu" . Nosso serviço litúrgico é uma imitação
do serviço celete. Nossa intercessão é uma imitação da intercessão deles. Mas como
podemos fazer isso se não temos nenhuma idéia do que eles estão fazendo e eles não têm
nenhuma idéia do que nós estamos fazendo? Isto não é comunhão e isto também não é o que
o Apocalipse descreve.
Volte um pouquinho na Bíblia. Você pode ver isso no Apocalipse 5, 8: "...os vinte e quatro
Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada um com uma cítara e taças de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos, cantando um cântico novo"
. Eles não só tocam instrumentos, mas eles cantam cânticos e eles dão louvores ao Cordeiro.
Depois eles fazem orações para as pessoas que estão em necessidade. E o que faz Cristo
depois de suas orações? Ele por acaso diz:
"Hei pessoal, as minhas orações não são o suficiente? O fato de eu ser o Sumo Sacerdote
não é o suficiente para todas as necessidades do meu povo na terra como no céu? Acabem
logo com isso e relaxem"? Não, ele não disse isso. O que ele faz? Versículo 10: "Deles fizeste, para nosso Deus, uma
Realeza e Sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra"
. O reinado deles se estende do céu para a terra. Cristo fez deles um reino de sacerdotes. Em
outras palavras, o que Deus ofereceu no Monte Sinai, Exodo 19, 6 e que eles se recusaram e
que depois Deus continuamente oferece através de Davi e Salomão, e eles recusam; Deus
oferece através de Jesus e dos Apóstolos e Jesus aceita e estabelece, portanto, uma nova
aliança baseada nesta aceitação. E através de seu poder, ele faz o que Adão, Noé, Abraão,
Moisés e Davi juntos multiplicado por 100, jamais puderam fazer - um reino de sacerdotes, se
recebermos na fé e cooperarmos com esta graça.
Nós somos um reino de sacerdotes. Isto enfraquece nosso Rei? Isto tira a autoridade
sacerdotal de Jesus? Não. Isto manifesta-a. Como luz pura batendo num prisma mostra a
beleza intrínsica oculta desta luz conforme os raios são refratados, você vê o que existe o
tempo todo na luz mas não podia ver antes que fosse refratada no prisma. Esta é a beleza de
Cristo, refratado pelos seus santos e suas orações de intercessão. E eles cantam a canção
sobre o Cordeiro e ele falam sobre como ele recebeu o poder e a riqueza e a sabedoria e a
força e a honra e a glória e o louvor. Mas o que faz Cristo com tudo isso? Ele se volta e dá isto
à nós.
Eles têm tronos e coroas e o que eles fazem? Eles prostam suas coroas. Cristo as pega e as
devolve a eles e diz: "Sentem-se nos tronos. Vocês são meus sacerdotes. Vocês são meus
reis..." Pode-se ver isto no capítulo 4, 4: "vinte e quatro tonos, e neles
assentavam-se vinte e quatro Anciãos, vestidos de branco e com coroas de ouro sobre a
cabeça" . Por que isso? Por que
Cristo não é o suficiente? Não. Por que Cristo está longe? Claro que não. Pelo contrário, é
porque estes santos confiam que a graça de Cristo é suficiente, a mesma graça que eles
agora possuem como santos martirizados glorificados no céu.
Apocalipse 14, 13 diz tudo: "Ouvi então uma voz do céu, dizendo: 'Escreve: felizes os mortos,
os que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, que descansem de suas fadigas,
pois suas obras os acompanham.'" . Agora, nós não adoramos os
santos benditos que foram martirizados e elevados e glorificados no céu. Nós não os
adoramos. Na verdade, Apocalipse 19, 10 nos diz para não os adorarmos - onde o anjo
aparece para João e João se prostra e o que ele diz?
"Caí então a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: 'Não! Não o faças! Sou servo como tu
e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus.'"
Preste atenção, ouça:
"É a Deus que deves adorar!"  Este é o único que adoramos. E então o que fazemos? Porque nós adoramos a Deus e porque
nós tentamos imitá-Lo, nós louvamos aqueles que Ele louvou. Nós honramos aqueles que Ele
honra. É assim que funciona a aliança. Esta foi sempre a forma da aliança, como veremos.
Três Classes de Santos
Por todo o Apocalipse existem três classes de santos: os mártires, as virgens e os confessores,
que são consistentemente mostrados como exemplo para nós. Por exemplo, Apocalipse 14, 4.
No versículo 1 deste capítulo nos é dito sobre o número 144.000. As doze tribos de Israel
todas doam 12.000 santos. Que tipo de santos? Nos é dito que eles cantam um cântico novo
diante do trono do Cordeiro. É um cântico que ninguém podia aprender a não ser os 144.000
que foram resgatados da terra. Eu acho que deve ter sido um cântico judaico. Só os Judeus
das 12 tribos de Israel é que podem cantar.
"Estes são os que não se contaminaram com mulheres pois são castos", diz a minha bíblia
não-católica e nas notas de rodapé diz,
"Grego: virgens"
. Então por que não traduzir usando "virgens"? O que são eles? Nós ousamos não dizer esta
palavra muito alto, com muita frequência em nossa sociedade. Por quê? O intercurso sexual é
errado? De forma alguma. É o que consuma a aliança matrimonial. É o que faz o sacramento
legalmente indissolúvel. É o que traz uma nova vida, e nos tornamos co-criadores com Deus
pela graça de Cristo. O intercurso é mal? Não, é bom. O casamento é mal? Não, é sagrado. É
um sacramento na Igreja Católica. Ele confere a graça de Cristo
ex opere operato
.
Mas Deus reserva bençãos especiais para aqueles que renunciam bens terrenos que são
muito bons por bens celestiais ainda melhores. 1 Corintios 7, 32: São Paulo diz, "Eu quisera
que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor
e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo
de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma, a mulher não casada e a virgem
cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher
casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido"
. Todas as pessoas casadas digam:


"Amém".
Isto significa que não podemos servir o Senhor? Claro que não. Nós podemos servir o Senhor
mas nós também temos que cuidar das coisas do mundo, temporárias e passageiras. Tudo
bem. Deus usará estas coisas como meios de graça. Mas elas não são permanentes e nossas
famílias aqui não são permanentes porque elas estão ligadas pelos laços da carne e sangue
de Adão que terão que morrer e ressuscitar em Cristo e serem membros da família da Nova
Aliança.
Isto significa que a familia é algo ruim? Não, é sagrada. Nós devemos ser sacerdotes em nossa
igreja doméstica. Pais, abençoem seus filhos à noite antes deles dormirem. Cantem canções
na mesa de jantar. Façam orações, eu desafio vocês a fazerem orações espontâneas de vez
em quando. Isto não é um monopolio protestante. Nós podemos fazer orações tiradas de
nosso coração de filhos de Deus e devemos fazê-las.
Mas São Paulo, o inspirado apostolo sem erros, está comunicando aqui o que Deus quer
comunicar porque o Espírito Santo é o autor principal até mesmo destas palavras. "Digo-vos
isto em vosso próprio interesse, não para vos armar cilada"
. Nos é permitido o casamento e ele é glorioso.
"Mas para que façais o que é mais nobre e possais permanecer junto ao Senhor sem distração"
. E depois no versículo 38:
"Portanto, procede bem aquele que casa a sua virgem; e aquele que não a casa, procede melhor ainda".
Um bom amigo meu, ex-católico e agora anti-católico me disse: "Bem, Paulo não quer dizer
para a vida toda" . Eu disse: "O
k, me mostra onde é que este caso se aplica"
. Nós olhamos e procuramos e olhamos de novo em vão. Então eu disse:
"Sabe, quando se olha novamente em Apocalipse 14, 4, aqueles 144.000 virgens não eram
virgens temporários. Deus faz de nós todos virgens temporários e faz de alguns virgens
permanentes, mas no casamento todos nós devemos ser virgens, certo?"
Não, isto não é o que a Biblia está dizendo. Nós colocamos palavras na boca de Cristo e na
boca de São Paulo? Estas pessoas morreram virgens. Agora se alguém dissesse.
"Bem, na Israel antiga não havia nenhuma tradição costumeira que exaltasse a virgindade"
. É muito triste dizer que entre os Fariseus isto é verdadeiro. Não havia tal costume. Mas você teria que pelo menos negar o que é obvio e evidente nos Manuscritos do Mar Morto e na
comunidade dos Essênios de Qumram, porque eles louvavam a virgindade. Agora, se você for
casado, você também pode ser um membro santo da comunidade. Flavius Josephus e Philo e
outros Judeus, apesar de não serem Essênios; eles podem ter sido Fariseus, Saduceus,
Zelotas; ainda assim, todos os outros grupos de Judeus sabiam que os Essênios eram os mais
justos e santos.
Eram eles que louvavam a virgindade. Isto não é novidade. Maria se refere implicitamente a
esta promessa de virgindade, quando ela diz: "Como é que vai ser isso, se eu eu não conheço
homem algum?" O anjo poderia ter dito
simplesmente: "Em alguns
meses quando você se casar, vocês farão amor e vocês terão um filho"
. Quero dizer, ela não conhecia fatos básicos de anatomia e biologia? Como sempre disseram
os primeiros Pais da Igreja, implícito naquele texto, o único sentido para ela não estar dizendo
algo insensato, é ela, como os Essênios, estar entrando no casamento com um
reconhecimento total da glória e santidade do matrimônio e do amor matrimonial, amor físico e
sexual, mas com uma benção superior ainda maior se Deus conferisse a graça de viver
virginalmente no casamento.
E é sobre isto que São Paulo fala em Corintios 7 quando ele diz: "Se seu ardor por sua noiva é
muito grande" - literalmente a
tradução seria "
se seu ardor pela sua virgem"
. Algumas traduções dizem que é filha, outras que é noiva, será que é a irmã ou o quê, afinal?
Bem, São Paulo estava dizendo algo que ele supõe que os cristãos de Corinto entendem
claramente. E desde o começo as pessoas imitavam Maria e José, e até antes de Maria e
José este costume era encontrado no judaismo entre os mais santos. Deve ser uma pílula
dura de engolir para os americanos porque nós gostamos de fazer sexo de todas as maneiras
diferentes possíveis. Esta é a melhor maneira de vender livros e filmes e o que quer que seja.
Além do que sexo não é ruim mas é bom.
Sexo no matrimônio é sagrado. É o meio pelo qual a vida natural é co-criada com Deus. Mas
existe algo ainda maior. Nós temos que fazer orações por nossos padres e religiosos, irmãos e
irmãs. Eu não estou certo de que tenha existido uma cultura que tenha tão seriamente
colocado-os à prova e em tentação. Nós temos que fazer orações para que eles, também,
possam de alguma forma se unir aos 144.000 e nós também nos juntaremos a eles, porque
junto com os 144.000, existem aqueles que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro, uma
grande multidão que nenhum homem pode contar. E eles cantam e adoram o Cordeiro. Eles
são sacerdotes e reis. Deus não mostra parcialidade. São Paulo diz a Timoteo: "Se com Cristo
sofres, com Ele reinarás". Se sofreres. E são estes que vemos reinando com Cristo no Livro no Apocalipse.
É por isso que na Ladainha de Loretto, por exemplo, temos Nossa Senhora com que títulos?
Rainha dos mártires, Rainha das virgens e Rainha dos confessores e depois, Rainha dos
santos, rogai por nós. Isto é tirado do Apocalipse. Nós também podemos ver em Apocalipse
20, 4-6, a mesma idéia. "Feliz e santo aquele que foi martirizado. Eles estão sentados nos
tronos celestes" . O que mais? "Vi então tronos, e aos que neles se
sentaram foi dado o poder de julgar" .
Jesus Cristo é o verdadeiro juiz. Ele está sentado no grande trono branco que é descrito em
Apocalipse 20, 11. Mas então Ele tem tronos auxiliares. Por quê? Porque Ele dá a eles o poder
de julgar. São Paulo diz aos Corintios: "Não sabeis que julgaremos os anjos?" Eles estão
sentado nos tronos com o poder divino de julgar confiado a eles. Eles executam o julgamento
de Cristo para Sua glória; por Cristo, em Cristo e com Cristo.
Então deixem que eles julguem. Deixem que eles passem a sentença. Deixem que eles
descubram que coisas precisam de julgamento. Deixem que eles saibam. Façam orações a
eles e peçam pela intercessão deles no único mediador porque eles são os sacerdotes de
Deus e de Cristo que nos é dito neste texto no versículo 6: "Eles serão sacerdotes de Deus e
de Cristo, e com ele reinarão" .
Amém. Obrigado Jesus. Por quê? Porque o sacerdócio de Cristo não é o suficiente? Não,
porque Cristo é um doador generoso e Ele dá uma participação a todos nós que cooperamos
com esta graça.
Sugestões para conversas com não-católicos
Eu devo-lhes dizer que sempre que conversarem com não-católicos ou até mesmo alguns
católicos confusos ou ex-católicos, vocês têm que alicerçar isto em Cristo. Vocês têm que
colocar as raízes disso tudo em Cristo. É a vida Dele, é a graça Dele, é a santificacão Dele e
na Sua beatitude que participamos. A razão pela qual os mortos são benditos em 14, 13, a
razão pela qual os martires são benditos em 22, 14 é porque eles estão em Cristo; mas eles
são benditos. Quando Cristo vos abençoa, garantido o resto, você está abençoado! E é por isso que Nossa
Senhora pode dizer em Lucas 1, 48: "Doravante as gerações todas me chamarão de
bem-aventurada" . Nós só estamos demonstrando que ela
está certa e que tudo o que fazemos é nos juntar aos anjos porque, o que disseram os anjos?
"Ave, cheia de graça, bendita és tu entre as mulheres"
. E quando clamamos a mãe de Deus, é praticamente o que Isabel diz:
"A mãe do meu Senhor me visita".
Então por que o rosário é tão ofensivo? A primeira parte nada mais é do que a Escritura: "Av
e-Maria, cheia de graça. O Senhor é convosco. Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto de vosso ventre, Jesus. Santa Maria,"
(porque Cristo a fez santa)
"Mãe de Deus,"
(Isabel declarou que ela era mãe do Senhor,)
"rogai por nós, pecadores,"
(o que estamos confessando? Estamos confessando nossa própria corrupção; quero dizer, a
doutrina do pecado)
"Rogai por nós, pecadores,"
(agora porque somos fracos e dependentes)
"e na hora de nossa morte,"
(quando formos para a presença de Deus). Veja toda a boa teologia que existe aí.
Nós temos a doutrina do pecado. Temos a doutrina da salvação. Temos a doutrina da graça.
Temos até mesmo a escatologia, a "hora de nossa morte". Quero dizer, raramente se encontra
um parágrafo num livro de teologia que tenha tanta doutrina e passagens corretas. E tudo o
que estamos fazendo é ecoar o anjo e tudo o que ele estava fazendo era ecoar Jesus porque
tudo o que ele é, é um mensageiro de Deus, com a mensagem de Deus.
Nós bendizemos Deus que é bendito acima de todos e depois bendizemos aqueles que ele
bendiz porque esta é a natureza da aliança. Sempre foi. Genesis 27,29 fala sobre a benção de
Israel: "Que os povos te sirvam, que nações se prostrem diante de ti! Sê um senhor para teus
irmãos, que se prostrem diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar!
Bendito seja quem te abençoar!" - esta foi a benção de Isaac sobre Israel.
É isto que fazemos ao venerar os santos. Nós bendizemos aqueles que Deus abençoou. "Bendito seja quem te abençoar"
. É esta a natureza da aliança nos Tempos Antigos e as bençãos não enfraquecem a Nova
Aliança. Pelo contrário. Assim, se você é abençoado quando abençoa aqueles que Deus
abençoou no passado, quanto mais você será quando bendizer aqueles que Deus abençoou
em Cristo? É por fim a benção de Cristo.
Nós não fazemos orações para os santos ao invés de para Cristo. Nós rezamos através dos
santos à Deus em Cristo. Mas você pode dizer isso de várias maneiras ou você pode ter
significados secundários que podem estar corretos, mas por fim, os santos não atendem
nossas orações. Eles ecoam nossas orações com profundidade, discernimento e amor
maiores. "A oração fervorosa do justo tem grande poder!" Isto não é encontrado somente no
Novo Testamento, mas é basicamente testemunhado por toda a Escritura. Não só os justos da
terra mas os justos em geral, onde quer que estejam. Eles podem fazer orações e elas tem
grande poder.
A palavra alemã para benção é "segnum". Ela é na verdade derivada do latim "signare", que
quer dizer "fazer o sinal da cruz". A cruz é a fonte de todas as bençãos. Nós não tiramos o
mérito da cruz quando bendizemos os santos que Cristo abençoa. Nós sustentamos a cruz.
Nós exemplificamos a cruz. Exemplificamos a obra de Cristo. 2 Timoteo 2, 11-12: "Se com ele
morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos".
Nós imitamos Cristo. É este o chamado do cristão. Nós honramos aqueles que Cristo honra e
da mesma forma. Este é a primeira e talvez a razão mais fundamental mas em segundo lugar,
nós desejamos seguir o exemplo heróico deles ao imitarem Cristo. Eu sei, pois tenho visto
muitas famílias onde se o primeiro filho é bom, os outros podem seguir seu exemplo. Eu sei
por experiência própria que se o primeiro filho extravia, as chances são muito maiores de que
os outros se extraviem, como aconteceu comigo. Graças a Deus, ele nos alcança não importa
onde estamos ou quem somos ou o que fazemos, mas o fato é que os exemplos,
especialmente os exemplos heróicos ajudam bastante.
Tudo o que fazemos é celebrar a obra de Cristo, as obras-primas de Cristo, especialmente
quando se trata da Santíssima Virgem Maria. Adore a Deus e somente a Deus, mas venere,
honre, bendiga aqueles que ele honra e aqueles que ele bendiz. Só estamos imitando Cristo e
estamos somente nos ajudando e ajudando a outros a seguirem o exemplo heróico de Sua
virtude e de Seu sacrifício.

Conclusão
Antes que eu termine, eu quero tirar uma espécie de tangente final. Talvez eu devesse tê-la
feito ontem, mas eu falei bastante sobre Maria tanto hoje de manhã como ontem. Eu focalizei
em Nossa Senhora ontem, então você pode pensar que eu não devesse focalizar nela nesta
manhã, mas eu gosto de focalizar nela todo dia. Em particular existe uma questão que já
surgiu, pelo menos implicitamente. Nós falamos sobre ela e a Igreja ensina a dulia, a
veneração e a honra aos santos, mas para aquela que é a Rainha de todos os santos,
devemos a hiperdulia, que não é a mesma coisa que latria, que é adoração.
Eles são finitos. Eles são criaturas. Eles estariam perdidos e mortos no pecado se não fosse
pela graça de Cristo. Só Deus é infinito, eterno. Só Ele possui auto-existência. Eles têm
existência. Ele é a própria existência. Jamais nos esqueçamos disto. Ajudemos outros
perceberem a que jamais nos esquecemos disto e que deixamos esta distinção bem clara. E
façamos de nossa adoração a Deus o melhor possível para que nossa dulia seja distinta de
nossa latria.
Mas e sobre a virgindade perpétua de Maria? Nós falamos sobre Maria e hiperdulia. Falamos
sobre a virtude da virgindade. Por que existe a doutrina da virgindade perpétua? Por que isto é
definido "de fide" (=de fé) como algo que os católicos devem crer estar de acordo com a
Igreja? Bem, por uma razão porque é verdade. Segundo, porque a Igreja sempre aceitou isto e
a Igreja sempre ensinou isto. O Credo de Santo Epifanio, em 374, afirma: "Maria, sempre
virgem" . O Segundo
Concílio de Constantinopla em 553 bem como o Concílio de Latrão em 649, também afirma:
"Maria, sempre virgem"
. Santo Agostinho sempre insistiu nisso. Junto com Santo Agostinho, S, Jerônimo escreveu um
livro sobre a Virgindade Perpétua da Santissima Virgem Maria em resposta a Helvidio, que em
380 foi a primeira pessoa nos registros verdadeiramente a negar a virgindade perpétua de
Maria e a sugerir que os irmãos de Jesus eram irmãos de sangue e filhos de Maria.
S. Jeronimo nem mesmo queria escrever o livro. Ele achava Helvidio bastante esquisito. Ele
disse, "isto é uma novidade maldosa e uma afronta ousada para a fé de todo o mundo". Lutero
acreditava nela. Calvino afirmou-a e Zwinglio, todos eles, falaram de
"Maria, sempre virgem"
em seus escritos. Bem, então como é que se lida com as passagens bíblicas?
Façamos isto apenas brevemente. A irmandade de Cristo é provavelmente o maior obstáculo.
Mateus 1, 25: "Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho". Eu já disse que a
palavra "até" pode ser conjuntiva. O que eu quero dizer é que "até" nem sempre significa algo
como: "Ela era
virgem até depois de dar a luz um filho e depois ela deixou de ser virgem"
. Nem sempre significa isso. Por exemplo, 2Samuel 6, 23:
"E Micol, filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte"
; obviamente não significa que ela teve gêmeos após o funeral. Deuteronomio 34, 6 fala sobre
o enterro de Moisés, que aparentemente foi Deus quem fez:
"e até hoje ninguém sabe onde é a sua sepultura"
. Isso não significa que quando o Deuteronômio foi escrito, eles a encontraram. Eles nuncam a
acharam.
Assim, a tradução de Knox de Mateus 1, 25 é que ele não a conheceu em nenhum tempo
antes dela dar a luz ao primogênito. Bom, e sobre a palavra "primogenito"? Isto não sugere
que houve um segundo e um terceiro? Não, claro que não, e todo mundo que conhece o
Antigo Testamento percebe isto porque primogenito em Exodo 13, 2 e Exodo 34 é na verdade
um termo técnico para a criança que "inaugura o ventre materno". O primogenito é
consagrado automaticamente ao Senhor. Mesmo se você tiver muitos outros, aquele
primogênito é consagrado e é especial.
Bom, mas você pode dizer: "Não é natural ela não ter tido relações com José". Bem, não se
ela fez uma promessa sagrada que aparentemente era um costume da época, até mesmo se
fosse raro. Mas vamos continuar.
"Muito bem, não é natural ser casada e não ter relações com seu parceiro, mas também não é
natural conceber a segunda pessoa da Divindade em seu ventre e ter seu útero transformado
no tabernáculo último e cósmico da salvação para todos os filhos de Deus. Para ser posto a
parte para o propósito mais sagrado imaginável em toda a história da humanidade"
.
Quero dizer, nós não usamos a nossa melhor porcelana para fazer pic-nic no fundo do quintal,
usamos? Portanto, se Deus usou este recipiente para o propósito mais sagrado imaginável ao
homem, José deve ter tido um senso de decência sobre outros usos que não deixam de ser
sagrados em si mesmos, da mesma forma que copos e pratos de plástico não são profanos,
mas as coisas têm o seu lugar próprio. Não é natural dar a luz à Segunda Pessoa da Trindade,
ensinar a andar, a falar e a rezar, o Deus que te criou. Não seria inatural, eu penso, se você
se achar nesta situação, não seria improvável devotar-se tão completamente ao serviço de
Deus nesta oportunidade tão absolutamente única, espetacular e estranha.
Não se trata somente de uma família normal. A Sagrada Família é um exemplo, mas não é
uma família típica porque nem todas as pessoas têm por um filho ou um irmão o Logos eterno.
Isto é único. Assim, o casamento deles também era único.
E sobre aqueles que eram chamados especificamente de irmãos de Jesus? Pegue por
exemplo, Tiago. Tiago, nos é dito ser o irmão de Jesus. Mas espere um pouco, se você
estudar a cena da cruz, você pode entender o que isto significa. Mateus 27, 56 fala de Maria
ao pé da cruz que é a mãe de Tiago e de José. Marcos 15, 40, descreve Maria como a mãe de
Tiago o Menor. E depois em João 19, 25 lemos sobre Maria, mãe de Jesus e no próximo
parágrafo, "Maria mulher de Cleofas".
Fica óbvio quando se correlaciona estes três textos, Mateus 27, 56; Marcos 15, 40 e João 19,
25, que Maria, a mulher de Cleofas, diferente de Maria, a mãe de Jesus, é a mãe de Tiago.
Mas só depois de ter correlacionado estes três textos. Alguém pode dizer: "Mas espere aí.
Mateus 10, 3 descreve Tiago como filho de Alfeu"
, mas a grande maioria dos estudiosos diz que provavelmente Cleofas é o nome grego para o
mesmo homem que é chamado de Alfeu, porque era bem típico ter um nome aramaico, como
Alfeu, e ao mesmo tempo tomar um nome grego para as pessoas de origem grega em sua
comunidade, como por exemplo Cleofas. Como Saulo, o fariseu; Saulo é o seu nome judeu.
Deus não disse,
"Eu vou mudar seu nome para Paulo"
; este já era seu nome romano legal. Isto era comum naquela época.
Eu gostaria de sugerir que considerássemos João 19 no pé da cruz. Se Jesus tivesse outros
irmãos, irmãos mais velhos, como em João 7 - um monte de pessoas sustenta o fato de que
ele parece ter irmãos mais velhos - então a quem você acha que ele confiaria sua mãe? A
João, o discipulo amado? E se você fizer um estudo mais aprofundado a este respeito, você
irá descobrir que Tiago e João eram primos de Jesus, então o que Jesus estava fazendo era
confiar sua mãe a um de seus primos, o discípulo amado. Pelo menos é isto o que incontáveis
estudiosos têm sustentado. O que seria bastante natural se você não tivesse nenhum irmão de
sangue mas tivesse primos. E na língua hebraica não existe palavra para primo. A palavra que
é usada é irmão, não só para primos mas para sobrinhos também.
Temos exemplos em abundância. Genesis 14, 14: Lot é chamado de irmão de Abraão.
Tecnicamente Abraão era tio de Lot. Genesis 29, 15 fala sobre Tio Labão como sendo irmão
de Jacó. Na verdade, eu acho que o oposto, Jacó é irmão de Labão. É um relacionamento de
sobrinho mas em hebraico não existe palavra que represente primo. Assim, o Antigo
Testamento Grego não está traduzindo o "primo" de Genesis 14, 14, mas está transliterando-o
para "adelphos" ou irmão, mesmo o tradutor sabendo que se está falando sobre um primo ou
um sobrinho. E o que parece acontecer no Novo Testamento é algo semelhante. Ou seja, este
costume foi transferido para os livros do Novo Testamento.
"Adelphos" é usado com frequencia para denotar aqueles que podemos provar serem primos, e
não "anepsios" que não é usado com frequencia porque não estava de acordo com o costume
hebraico. Nós podemos continuar olhando para outros exemplos e outras provas. Mas
deixe-me dizer novamente que quando esta nova descoberta, quando esta doutrina novinha
de que Jesus tinha irmãos e irmãs foi introduzida por Helvidio em 380, quase quatro séculos
depois de Cristo, tudo o que S. Jerônimo podia dizer é que isto é uma novidade maldosa e
uma afronta ousada para a fé de todo o mundo.
Nós, irmãos e irmãs, temos um péssimo caso de amnésia. Nós esquecemos aquilo que
precisamos lembrar. E não só precisamos lembrar disto, precisamos viver e amar, partilhar e
aumentar o nosso conhecimento a este respeito. Afinal, você pode dizer: "Eu não tenho
tempo. Não tenho energia"
, mas veja bem, nós temos 60, 70, 80 anos, alguns 30, 40, 50. Que melhor maneira de usar
nosso tempo do que usá-lo para conhecer a Santíssima Trindade e tudo o que Cristo tem feito
para nos salvar e para fazer de nós sua família? Você consegue pensar em coisas melhores
para fazer com o seu tempo? Eu não.
Temos que nos preparar para uma eternidade junto de Deus. Temos que aprender a amar a
adoração. Temos que aprender a amar os santos. Temos que praticá-la para que quando
cheguemos lá, isto não seja tão novo e estranho. O que será estranho e novo é contemplar a
glória de Cristo em suas faces, mas os laços fraternais serão fortalecidos por esta vida nos
preparando para aquela reunião grandiosa, para aquele grande retorno. Porque o céu é o
nosso lar. A Santíssima Trindade é a primeira família e todos os santos são nossos irmãos e
irmãs.
Assim, nós imitamos Cristo. Nos mantemos firmes na antiga fé da Igreja ao venerarmos os
santos, especialmente a Santissima Virgem Maria.
1Aqui Scott Hahn faz uma comparação com o baseball que eu vou tentar simplicar para o
futebol...
2Aqui o autor descreve uma situação relativa ao povo americano.
3Aqui ele faz uma alegoria ao exame de época, quando não se passa no exame final.
Artigo publicado originalmente no site AgnusDei depois incorporado ao Veritatis Splendor.
Tradução de Sandra Katzman.

Fonte: http://www.veritatis.com.br/

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