O problema é novamente a Teologia da Libertação


Há, como já foi denunciado pelo querido padre Paulo Ricardo, um poder paralelo na Igreja do Brasil, isto é, tem alguns teólogos por aqui subestimando o Santo Padre e se enveredando por “novas formas de fazer teologia”, coisa de quem rejeita e vilipendia um dos preceitos religiosos mais importantes: a obediência. O problema é novamente a Teologia da Libertação. Hoje não adianta mais uma doutrina ser condenada pelo Papa pra ela deixar de ser propagada… Pelo contrário. Parece que é quando chega a desaprovação de Roma que se tem cada vez mais desejo de difundir a heresia. Trágico.
O folheto litúrgico-dominical “O Domingo”, da Editora Paulus, já há algum tempo tem sido promotor de confusão por muitas paróquias Brasil afora. Na última edição do guia, temos mais um exemplo de cretinice teológica. Foi publicado um texto extraído do livro Caminhos de existência, obra do pe. João Batista Libanio. No trecho referido, ele exalta o secularismo, cita Leonardo Boff e faz até um elogio à militância ateia. Segue uma fotografia do material, publicada pelo Thiago Carvalho no seu Facebook (clique na imagem para ampliar).
“Não poucos cristãos desencantaram-se da trajetória religiosa tradicional que levavam. Embarcaram de peito aberto no processo de secularização. Aprenderam a valorizar as realidades terrestres, a reconhecer-lhes a autonomia, a entusiasmar-se pelo compromisso social. Tiveram a graça de encontrar nesse novo caminho não a perda da fé, mas purificação e aprofundamento.” Definitivamente, o processo de secularização não é esta joia formosa que tenta descrever pe. Libânio. A tentativa de tirar Deus da esfera política, de impedir manifestações religiosas cristãs nos espaços públicos sob a alegação de que o Estado é laico, estas são manifestações verdadeiramente secularistas. E ao atentarmo-nos a examinar as suas conseqüências práticas, veremos não “purificação e aprofundamento”, mas sim “perda de fé”! Quando um católico começa a dizer que a discussão da descriminalização do aborto não pode abarcar os argumentos preciosos oferecidos pela bioética cristã, por exemplo, está trilhando justamente este caminho de rejeição prática da fé. Quando não se importa em ver símbolos religiosos sendo retirados de lugares públicos, quando se alegra com o fato de que os sacerdotes deixem de usar batina, igualmente. É deste “humanismo” pernicioso que estamos falando, do “humanismo” que tem vergonha de Deus? Então, definitivamente, não há nada de proveitoso nisto.
Libânio, no entanto, tem uma carta na manga. E esta consiste em defender o referido secularismo utilizando como base a Encarnação do Verbo (recorre-se inclusive ao herege e enganador Leonardo Boff). Funciona mais ou menos assim: ora, se Deus mesmo se fez homem, por que não o secularismo? É como se, ao se fazer Homem, Deus tivesse deixado de sê-Lo… Absurdo, não?! Pois é isto o que esta gente quer nos fazer acreditar: que é perfeitamente possível andar com Cristo sem precisar adorá-Lo, que é perfeitamente normal passar diante do Santíssimo e não fazer sequer uma genuflexão para reverenciar o Rei, que é perfeitamente possível ser “católico” mesmo não querendo obedecer à Igreja e curvar-se diante da autoridade do Papa e dos bispos em comunhão com Ele… Ora, Cristo chama a seus discípulos de amigos, sim, mas não os dispensa da necessidade de adorá-Lo, servi-Lo, temê-Lo e, sobretudo, obedecê-Lo. Ele é verdadeiramente Homem, padeceu por nossos pecados, e, neste sentido, realmente “trilhou aqui na terra trajetória humana até o extremo”; mas isto – por que têm tanta dificuldade em aceitar isto? – não lhe tirou a divindade. Ele continua sendo o Verbo, consubstancial ao Pai, gerado por este deste todos os séculos. Esta é a fé da Igreja.
No último parágrafo do texto, a coisa fica ainda mais escandalosa. Pe. Libânio se refere ao socialista ateu – o termo utilizando é “militante ateu”, e não “ateu militante” – como aquele “que dedica heroicamente (!) a vida à libertação dos pobres e à construção de sociedade justa e fraterna”. E, de acordo, com as normas da gramática, o uso da vírgula torna explicativa a oração subordinada adjetiva. Ou seja, ele quis dizer não que alguns militantes ateus são heróis – o que já seria escandaloso de se ler num texto católico -, mas que todos eles são modelos de luta social a serem seguidos. Não bastava humanizar o Cristo a ponto de secularizá-Lo, parte-se à divinização dos materialistas…
Esta é a Teologia da Libertação, filha mais nova do bolchevismo ateu, que é, segundo Pio XI, um “sistema cheio de erros e sofismas, igualmente oposto à revelação divina e à razão humana; sistema que, por destruir os fundamentos da sociedade, subverte a ordem social, que não reconhece a verdadeira origem, natureza e fim do Estado; que rejeita enfim e nega os direitos, a dignidade e a liberdade da pessoa humana” (Divini Redemptoris, n. 14).
Estamos com o Papa.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

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